OS DONOS DA FESTA

O meu MAIOR ORGULHO é de hoje em dia ser verdadeiro, poder viver plenamente o meu afeto e minha sexualidade, obtendo de cada segundo da minha vida o maior prazer possível. Não tenho vergonha alguma em ser GAY. se existem gays reprimidos é culpa desta sociedade opressora, e se todos vivessem a sua vida não se importando com a alheia não precisaria existir um Dia do orgulho gay, pois não haveria a necessidade deste tipo de manifestação... O que mais me chateia é a DISCRIMINAÇÃO de GRUPOS que se dizem representantes de nós homossexuais... Eles se acham os donos da FESTA, ditando regras do que pode e o que não pode. Por IRONIA do destino o único incidente ocorrido na orla de Boa Viagem foram provocados por eles mesmos, um pedaço de cano de alumínio que caiu do Trio dos ONGueiros e fez duas vítimas. O ANTENA MIX foi proibido de fazer qualquer tipo de cobertura na MicarONG deles e por tabela DISCRIMINARAM a Transex e Militante Aleika Barros ao não permitir sua presença entre eles. É mole??? Ponto pra gente, que podemos conferir A COBERTURA que ela fez para nós... Eu também já sofri esse tipo de DISCRIMINAÇÃO por parte de ONG’s, que não aceitaram a inclusão do jornalista henrique Ruffato num curso para FORMAÇÃO DE LIDERANÇA GLBT, alegando que ELE enquanto jornalista, não é politicamente correto... Mudando de pau pra CACETE, vamos ao que realmente interessa, o show que foi montado na orla da praia de Boa Viagem – Recife/PE. O ANTENA MIX convocou formadores de opinião, que percorreram os três quilômetros do percurso e nos conta TUDINHO... Entre eles: Luiz Magalhães, Poliny, Felipe Bambam, Aleika e os click’s do ANTENADO Flavio Cansanção, que deu um colorido a mais nessa cobertura... Destaque para os Trios do Club Metrópole, da agitadora Thânya Tumulto, do Ponto G e da boate Misty. Segundo a polícia militar aproximadamente 50 mil pessoas circularam no corredor da folia e está mais do que provado, que as pessoas só aparecem por causa da festa. É obvio que perdeu um pouco do caráter militante, mas ganhamos na visibilidade. É um equilíbrio. O público que vai à parada simplesmente para curtir a festa não está deixando de apoiar a causa gay.

Se somos a representação da DIVERSIDADE, temos a obrigação de sermos criativos, nos recriarmos, nos reciclarmos. E, acima de tudo, ser FELIZ.

PARADA DA DIVERSIDADE
Por Aleika Barros.

Há 10 anos atrás, tinha início em Recife, na praia de Boa Viagem, a primeira Manifestação gay, no dia 28 de junho de 1999. O primeiro ato político, com alguns cartazes, faixas, panfletos, falando sobre a discriminação que todos os grupos GLBTs sofriam nessa cidade. Recordo bem que na época tudo isto foi organizado pelo Palhaço Gay (Mauricio Santana), euzinha estive presente panfletando, passando informações às pessoas sobre DST e também apoiando, junto com outras pessoas do nosso meio GLS. Lembro bem que naquela época, muita gente tinha até vergonha e medo de colocar a cara nas ruas e falar sobre este assunto aqui em Recife e por esse motivo não teve um grande número de pessoas participando desse ato contra o preconceito. Um ano depois este mesmo manifesto foi celebrado no parque Treze de Maio, com o mesmo propósito em defesa dos homossexuais e de todos os grupos GLBTs. Me recordo, perfeitamente da primeira Parada da Diversidade na Avenida Conde da Boa Vista, pois, estive presente por lá também, bem na frente do Shopping Boa Vista havia u ma concentração formada por boa parte de artistas da noite GLS, militantes, ativistas, alguns curiosos e etc... Mais ou menos na época em que se dava ínicio um dos maiores grupos gays em Pernambuco, o Leões do Norte, lembro perfeitamente que as reuniões eram feitas na rua por trás da boate People. Também participei de algumas reuniões junto com eles... Hoje o presidente do grupo é o Wellington, que conheci exatamente nessa mesma época há mais de 8 anos, quando todos nós alí planejávamos o início do que seria a primeira Parada da Diversidade. Eu acompanhei todo este processo inicial da formação desse movimento aqui em Recife. Na época ainda não e xistia nessa cidade o Forum GLBT que hoje é quem de fato organiza essa imensa Parada da Diversidade. A convite do ANTENA MIX, fui fazer a cobertura sobre este evento e estive observando por alguns momentos a parada, uma multidão de pessoas participaram da Oitava Parada da Diversidade em Recife. Gays, Lésbicas, travestis, transexuais e simpatizantes do movimento, mergulhando juntos pela mesma causa. Os trios elétricos tomaram conta da avenida num imenso mar de cores, no trio da Metrópole estavam presentes art istas da noite, vereadores, gente muito bonita e alegre, todos embalados por grande Hits e pela Maria do Céu. Se acaso queríamos através da parada ganhar visibilidade, agora já temos! O que precisamos daqui pra frente é que todas essas leis que beneficiam de fato os grupos GLBTs, sejam aprovadas e postas em prática aqui no Brasil. Coisa que ainda não conseguimos! Pelo visto, todo esse processo de mudanças por aqui anda bastante lento... Gostaríamos que nos próximos anos repetissem a dose de alegria e descontração, com pelo menos a metade de nossas metas aprovadas pelo governo, garantindo o direito de todos os GLBTs. Precisamos de avanços, de garantias plenas dos nossos dire itos. Porque de fato, além da visibilidade que ganhamos com a parada, pouquíssima coisa tem acontecido por aqui para beneficiar todos os GLBTs. Precisamos de cidadania, de melhorias no sistema... Sou totalmente a favor da Parada da Diversidade, desde que nós possamos conseguir de fato os nossos objetivos em comum, após a parada. Através desse meu relato aqui no ANTENA MIX, acho que fica bem claro, desde quando eu acompanho e participo do movimento. É claro que como toda cidadã transexual, tenho minha vida particular para resolver e agilizar, como todo mundo tem a sua. Então, nem sempre posso e tenho tempo para está presente em todas as reuniões do movimento, foi exatamente por este motivo que eu nunca quis participar da di retoria da Amotrans-PE, por falta de tempo. O que não me impediu de dar lhes o meu total apoio, minha contribuição para a sua fundação e a minha participação sempre que posso, como tenho feito até hoje. Durante essa minha trajetória percebi que ser militante é ter decisão própria e formada sobre um determinado assunto, não é porque fazemos parte de um mesmo grupo GLBT que todos nós teremos a mesma opinião. O que precisamos de fato dentro da militância é ter mais respeito um pelo outro, ou seja, não deixar e nem permitir que nenhuma pessoa que faz parte desse movimento, possa discriminar o grupo das travestis, por muitas delas não terem estudo suficiente, participação política, não serem articuladas e etc... Comentários que escutei sobre as mesmas, durante a conferência estadual GLBT. Ninguém deve ser excluído por A e B, por não simpatizarem ou por não ter a mesma visão e os mesmos pensamentos em relação aos objetivos concretizados até agora. Nenhuma Trans como eu (conhecida dentro e fora do Brasil), vai utilizar desse movimento para se promover. Somente com intuito de aparecer nos momentos mais oportunos. Quem participa de tudo isto, e de todos estes momentos históricos dentro do movimento GLBT em Pernambuco, provavelmente tem um interesse bem maior que muitos possam imaginar. Dentro do meu próprio blog: www.aleikabarros.blogspot.com , por várias vezes fiz questão de abordar todo o cotidiano vivido pelas Trans, os conf litos, as percas, as aflições e dificuldades, como também utilizei o blog para homenagear algumas delas. Ao menos posso sim dizer que estou sempre pronta para defender e lutar pelo coletivo de travestis e transexuais quando tenho oportunidade de fazer isso. Foi exatamente essa consciência e esta postura política que me levou sempre ao pódio nos mais diversos concursos dentro e fora do país, por onde eu passei, porque em todos estes eventos os jurados e organizadores, buscam não apenas pela beleza física das candidatas mas por todo o conteúdo e representatividade que elas tem para oferecer em nome de todo o coletivo de Trans e foi justamente nesse ponto onde me destaquei sempre. Parabéns ao ANTENA MIX pela excelente cobertura sobre a Parada da Diversidade e sobre a cultura GLS e um beijo enorme as pessoas que assim como eu estão sempre de bem com a vida, obrigada a todas as pessoas positivas que me receberam durante a parada com o maior carinho e admiração, forte abraço.
Aleika Barros.